quinta-feira, 28 de março de 2013

Um estrangeiro no pago

Eis que hoje pela manhã, me deparei com minhas calças jeans e camisetas no armário, o que para meu espanto se encontravam em menor número do que minhas bombachas e lenços e camisas. Pois bem, que dia agradável estava, para num traje confortável de descanso, me encaminhar para a lida diária no laboratório. Lenço vermelho no pescoço, camisa arremangada, na cintura uma guiáca bem torneada, bombacha e alparagata. Há que sentir-se livre um gaúcho em seu próprio pago, pra bandear-se pra sua lida de cada dia, num aviamento de campo.
Estava eu esperando o onibus, quando para minha estranheza, passam dois piazitos de calça larga e tropeçando nos fundilhos, com a cobertura de um boné de aba reta e, me olham dos pés a cabeça entre risos e cochichos. Tudo bem cada um tem seu estilo e sua filosofia e respeito isso.
Adentrei o onibus da linha Tancredo Neves/Campus e novamente me deparo com olhares dos mais variados possíveis, entre os quais, cito dois que me marcaram devido a intensidade. Um senhor, já idoso, bastante distinto, sentado sozinho me regalou um sorriso que fazia transparecer certa admiração, com a qual me enchi de disposição neste recém chegado dia. Logo após ao que procuro um assento, uma moça, cujo o banco ao lado estava vazio, de certa forma foi franzindo o cenho enquanto me aproximava, o que certamente desanimou-se de ocupar o referido assento ao seu lado.
A mocinha, com um pouco menos da minha idade, me parecia. Tinha lindos cabelos compridos, num tom de roxo que há tempos só via em carros de corrida. Além do tal cabelo, uma vestimenta que remonta uma linha de estilo, comportamento e cultura dita pelo senso comum como gótico.
Não me convém discutir o certo ou o errado e nem sequer rotular o próximo, pois me frustra que isso aconteça comigo.
Porém não posso fechar meus olhos para o que me ficou bastante claro nesta manhã incomum.
Parece que, para uma quantidade alarmante principalmente de jovens, quando distante do distante do dia 20 de setembro, a pilcha é apenas uma fantasia de gaúcho. Enquanto que, os estilos americanizados, o american's way of life toma conta principalmente através da dita moda, o boné de aba reta dos rappers é mais normal do que o meu chapéu de aba larga, enquanto que, a calça skinny é mais normal do que a minha bombacha, enquanto que, o cabelo roxo é mais normal do que o meu lenço vermelho, eu vejo que há algo de errado acontecendo.
Tu podes dizer que é apenas a forma como o fulano, o beltrano ou o ciclano se vestem, mas eu vejo que este é reflexo de um estado de espírito que se alastra e contamina os valores de uma sociedade mundial que esqueceu-se do gosto do conhecimento, do ser mais do que o aparentar e de honrar a família e a história que lhe precede.
Aquele único senhor, já de muitos invernos que, provalemente se viu ali vagando por sua mocidade, quando saia pilchadito pra ver a namorada, pra lidar na terra ou no lombo do cavalo, na minha visão, é o nosso MTG.
Resistindo ao tempo, às culturas corrosivas do consumismo e da vaidade, apegando-se à esperança de ver os jovens de hoje carregando um orgulho que também foi seu, não por um sentimento de saudada, mas na esperança de ver um futuro onde um gaúcho não seja visto, tal como um estrangeiro no prórpio pago.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

O que trazemos de Santa Cruz...

Demorei-me para reportar sobre o Enart, pois ainda me recupero do cansaço enquanto este se transforma em saudade...Porém agora estou aqui de novo.

Nos dias 16, 17 e 18 de Novembro aconteceu a final do Enart 2012, mas isso não é novidade, até porque nossos meios de comunicação mais visados transmitiram na íntegra o evento, rádio, Tv e internet. Também não é novidade que o maciço movimento de uma verdadeira multidão engrandeceu ainda mais esta edição do encontro e, fora do campo das novidades ainda se encontram, o choro da vitória, o choro da derrota, o aplauso e o riso, o resultado contestado, a dança, o show e o calor... Ah o calor daquele sol transformando qualquer dos palcos num verdadeiro forno.

Logo perguntamo-nos, o que então é novidade neste Enart 2012??

Muitos vão dizer que é o novo sistema de credenciamento, dando finalmente utilidade para os códigos de barras em nossos cartões tradicionalistas, aqueles é claro que funcionaram... É certamente uma novidade e embora algumas falhas, devemos dar crédito a essa iniciativa do nosso movimento, que mostra desta forma estar em movimento. A quem diga que a grande novidade foi a transmissão do Enart por um canal de TV aberta, dando cancha para um evento de tamanha importância para os gaúchos tradicionalistas. Certamente o foi uma baita novidade.

Porém e agora, o que foi mais importante para o sucesso de mais uma edição deste evento? As novidades que revigoram os olhos, os comentários  e que agilizam processos? Ou aqueles velhos regalos que nos fazem reviver em nossas mentes dias e dias depois, momentos que se alternam em magia, saudade e encanto?

Pois vos digo que é este e não aquele, por serem estas as gemas que se transbordam em nossas malas quando partimos da Cidade de Santa Cruz, daquele pedacinho de sonho no qual se transforma o Parque da Oktoberfest. Joias ainda mais caras são as amizades construídas na cooperação, na solidariedade, na competição, no respeito ao próximo e o amor pela nossa tradição. O congregar de pessoas que partilham dos mesmos ideais, de cultura, de bem viver e de fazer tão bela arte.
De todas os grandes momentos desse último fim de semana, gostaria de citar o 22º Tchêncontro Estadual da Juventude Gaúcha e a 13ª Mostra Folcórica do Enart, que reuniu jovens tradicionalistas de todas as 30 Regiões do nosso Rio Grande do Sul, para um único fim, promover e propagar cultura, a nossa cultura. Sem importar quem são vencedores, porque todos que lá estavam o são.
E foi neste ambiente que eu mesmo pude conhecer pessoas magníficas, trocar ideias e refletir o nosso tradicionalismo, cujo o futuro está mais do que garantido nas mãos destes jovens. Caminhemos juntos, tal qual nosso hino nos conclama, sempre ao encontro e nunca de encontro.
Isso foi o que eu trouxe, mas e você já refletiu o que realmente ganhou ou perdeu neste Enart 2012, comente...

Aproveito este espaço para cumprimentar os Peões e Prendas da 15ªRT, 6ªRT, 11ªRT, 12ªRT e 18ªRT, com os quais tive maior contato e diálogo e que são pessoas e tradicionalistas maravilhosas. Também mando um quebra-costelas aos Peões e Prendas do Rio Grande do Sul, sempre a disposição de nossas dúvidas e de uma boa conversa, em especial à Natália 3ª Prenda Juvenil do RS, ao Murilo Peão Farroupilha do RS e à Raquel 1ª Prenda do RS, ainda à 1ª Prenda da 1ª RT, Kelly Rocha, grande personalidade e simpatia, a figura da Prenda gaúcha.

Aos meus grandes colegas de gestão que trabalharam para bem representar a 13ªRT no Tchencontro e na mostra do Enart, em especial ao Helder 1º Guri Farroupilha, Alexandra 1ª Prenda Juvenil, Carol 1ª Prenda Mirim, Taynara 1ª Prenda adulta e à Ticiana diretora do Departamento jovem da 13ªRT.



quinta-feira, 8 de novembro de 2012

Campereando às alvoradas

Se tem alguma coisa que, o bom campeiro aprecia, esta é partir pro campo no alvorecer do novo dia. Enquanto o sol deslumbra a pampa, desnudando os campos num entremear de verde e branco do rigor do inverno. Pois contempla o mundo da querência, congelado num desjejum de aurora e, somente o campeiro em seu cavalo faz girar o mundo no rincão do Rio Grande de São Pedro. 
Inspirado nesta cena de campo e "hermanado" a tantos outros tradicionalistas que, no alvorecer da era digital, se propuseram a fazer deste meio, um meio de propagação da nossa cultura, apeio aqui no Timbre de Galo
Espero, com este blog, atingir objetivos simples, discutir cultura e tradicionalismo gaúcho com consciência, a partir de uma visão equilibrada entre passado e futuro; compartilhar com os demais companheiros tradicionalistas que utilizam estes meios, uma opinião coesa, sem extremismos e/ou radicalismos, sobre o contexto atual e as perspectivas futuras do nosso Movimento Tradicionalista Gaúcho; e como tradicionalista,     
unir minha voz à voz de tantos gaúchos e gaúchas, que vivem a cultura legada por nossos antepassados, nestes tempos tão ímpares.
Logo, tal qual o campeiro, que sai cedo pra lida e vislumbra o simples e vasto mundo da pampa matutina, que possamos enquanto tradicionalistas, sempre saltar cedo pra campear a nossa tradição, caminhando na direção certa rumo ao alvorecer da nossa consciência como seres humanos.

Desde já, fiquem blogados para postagens posteriores... Obrigado!